Projeto da deputada Ana Perugini que cria o ‘PIB da Vassoura’ é aprovado pela Alesp
Texto que pode nortear aposentadoria de donas de casa no Estado de São Paulo segue para análise do governador A...

Texto que pode nortear aposentadoria de donas de casa no Estado de São Paulo segue para análise do governador
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, no dia 4 de dezembro, o projeto de lei 102/2024, da deputada estadual Ana Perugini, que inclui a chamada economia do cuidado, que envolve todos os afazeres domésticos como lavar, passar, cozinhar, cuidar da casa e dos filhos, no sistema de contas estaduais. O texto pode ser o ponto de partida para a elaboração de políticas públicas para as donas de casa e a garantia de benefícios como aposentadoria.
A proposta, conhecida nacionalmente como ‘PIB da Vassoura’, foi apresentada pela primeira vez em junho de 2017, quando a parlamentar ocupava uma cadeira na Câmara Federal, e protocolada no parlamento paulista em março deste ano.
Na terça-feira (3), o PL havia sido alçado a regime de urgência em sua tramitação na Alesp. A aprovação ocorreu após um intenso movimento entre as comissões para despachar o texto para votação. Três projetos de igual teor – que criam políticas públicas voltadas às mulheres – foram aprovados na mesma sessão.
Agora, o projeto segue para apreciação do governador para que haja sanção ou veto. Se sancionada, a lei passa a valer a partir de sua publicação. Em caso de veto, a Alesp poderá derrubar a decisão do governador, se formar maioria no plenário para isso.
CUIDADO
Conceituada na década de 1990, a economia do cuidado abrange as tarefas relacionadas ao suporte de pessoas, feito sem remuneração e, principalmente, no âmbito familiar.
Na sociedade brasileira, a função é majoritariamente desempenhada pelas mulheres. Nesse sentido, o projeto de lei 102/2024, proposto pela deputada Ana Perugini, busca incorporar o conceito no Sistema de Contas do Estado de São Paulo.
Pesquisas consultadas durante a elaboração do projeto revelam uma disparidade de gênero elevada entre homens e mulheres no que diz respeito à economia do cuidado. Mais de 90% das atividades neste recorte são executadas por mulheres.
São atribuições que incluem cuidados com crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais, e com a casa, por exemplo. No jargão popular, as atribuições da “dona de casa”.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Na avaliação da deputada, essas pessoas perdem um tempo que poderia ser usado em atividades externas, o que geraria positivo acréscimo ao PIB do país.
Neste cenário, diz que “é preciso saber qual é o valor do trabalho dessas pessoas, para que, então, se possa criar políticas públicas de apoio a elas, conferir a elas o direito a uma previdência. É muito comum que nós, mulheres, falemos que não trabalhamos quando cuidamos apenas da casa, mas, ocorre o extremo oposto: trabalhamos muito mais, sem remuneração e reconhecimento.”
Após a aprovação, a deputada avalia que trata-se de importante vitória na luta pela igualdade de gênero, que abre campo para outras discussões sobre o tema.
“Vencemos uma primeira batalha, temos muitas outras para travar. De toda forma, é uma conquista muito importante, pois saberemos, agora, quantas somos e quanto vale o nosso trabalho, e assim poderemos traçar novos planos para, cada vez mais, tornar menor a distância desleal de oportunidades entre homens e mulheres na sociedade”.
EM BRASÍLIA
Além do texto aprovado em São Paulo, a proposta também tramita em âmbito nacional, por meio de um projeto de lei reapresentado em 2019 pela deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) com base na proposta original protocolada dois anos antes por Ana Perugini.