Ana Perugini fala do ‘PIB da Vassoura’ em podcast sobre cuidados de extensionistas da PUC-Campinas

Projeto é desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Hortolândia, a partir de memórias de idosos da região do Jardim Rosolem

Ana Perugini é uma das entrevistadas do terceiro episódio do podcast “Sísifo e o cuidado”, produzido por extensionistas da PUC-Campinas, em parceria com a Prefeitura de Hortolândia. O programa, que tem como tema “Trabalho e economia nacional”, propõe uma reflexão sobre o impacto do trabalho doméstico não remunerado na vida das mulheres, foco do projeto do “PIB da Vassoura”, apresentado pela ex-deputada na Câmara Federal.

Disponível em plataformas de streaming (confira os links abaixo), o episódio tem 34 minutos e traz relatos de três mulheres idosas moradoras da região do Jardim Rosolem. Ouvidas por alunos voluntários, elas falam sobre a exploração do trabalho doméstico não remunerado ao longo da vida e dificuldades na luta por educação, emprego e geração de renda.

“As mulheres, desde pequenas, são condicionadas aos afazeres dentro de casa. Com isso, muitas vezes, o lúdico e o brincar são retirados das crianças, afetando a vida e a sanidade dessas mulheres depois de adultas”, afirmou Ana Perugini, após ouvir relatos de mulheres que conciliam afazeres domésticos com trabalho externo desde a infância.

Ana explicou que o PIB da Vassoura tem o objetivo de valorizar o trabalho realizado pelas donas de casa, chamado de trabalho do amor, por meio da mensuração dessas atividades e a elaboração de políticas públicas que garantam direitos como aposentadoria.

México, Uruguai e Argentina foram citados como exemplos de países que já implementaram ações nesse sentido. Na Argentina, o cuidado com os filhos passou a contar como tempo de serviço para a aposentadoria. Quando a mulher pede o benefício, são incluídos um ano de contribuição para cada filho, dois para cada filho adotado e três anos para cada filho com deficiência. De imediato, a medida beneficiará mais de 150 mil mulheres de 60 a 64 anos.

“Precisamos de políticas públicas que garantam o cuidado das crianças, para que a mulher não tenha de subtrair três ou quatro anos de sua carreira”, disse Ana”, citando o exemplo uruguaio, onde o governo oferece assistência gratuita a crianças e idosos, para que as mulheres tenham mais tempo para se dedicar a suas profissões.

“As mulheres precisam ter consciência em relação a isso. Não é uma questão de amor; é uma questão de parâmetro de igualdade para todos nós. O PIB da Vassoura vai trazer luz para nossas vidas, para que possamos viver em pé de igualdade”, concluiu Ana Perugini.

Apresentado pela professora de sociologia Stela Godoi, coordenadora do projeto de extensão ARTiculadas, responsável pela conversão da pesquisa acadêmica em produto técnico-cultural, o programa também conta com participação de Eliane Rosandiski, economista, professora e uma das responsáveis pelo Observatório da PUC-Campinas.

O podcast “Sísifo e o cuidado” é resultado de um projeto de escuta de homens e mulheres idosas assistidas pelo CCS (Centro de Convivência Social) do Jardim Rosolem, que é vinculado ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) Novo Ângulo e à Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social.

Mito de Sísifo

Na mitologia grega, Sísifo era um homem que ousou desafiar os deuses. Capturado, sofreu punição severa. Para toda eternidade, teria de empurrar uma pesada pedra da base até o topo de uma montanha; a pedra rolaria para baixo e ele teria que começar tudo novamente, a cada dia. Para o filósofo Albert Camus, que trouxe às gerações atuais importantes reflexões sobre este mito, ele enfoca um ser que, mesmo condenado a uma tarefa sem sentido, vive a vida ao máximo, lutando contra a morte. Mesmo reconhecendo a falta de sentido no que faz, Sísifo continua executando sua tarefa diária.